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  • Foto do escritorVivi Yamaguti

Walking the Talk na Diversidade e Inclusão

Durante minha trajetória pelo RH das empresas, sempre recebi muitos questionamentos dos colaboradores e colaboradoras sobre como uma pessoa poderia ser guardiã das questões envolvendo Diversidade e Inclusão não sendo especialista e não fazendo parte de nenhum dos grupos minorizados. A grande preocupação dizia respeito a não se sentirem em um lugar de fala que as permitisse expressar suas reflexões e até mesmo dúvidas. A preocupação de endereçar as mensagens de forma correta, completa, tendo clareza de todas as expressões, do significado da sigla LGBTQIA+, do histórico de cada grupo e suas lutas em detalhes, sem margem para erros, acabava, por vezes, paralisando-as. Algumas acrescentavam, ainda, a preocupação por terem consciência de fazerem parte de uma população privilegiada. Então, como falar sobre Diversidade e Inclusão neste contexto?


Com o aprofundamento dos estudos e a ampliação da minha vivência no tema, alguns aprendizados foram fundamentais, como a compreensão de que qualquer pessoa pode ser guardiã destas pautas, desde que tenha consigo três princípios básicos:


1. Respeito e valorização ao ser humano, acima de tudo;

2. Abertura e humildade para a escuta genuína, a troca e o aprendizado constante;

3. Coerência, compreendendo seu lugar de fala e sendo exemplo em suas atitudes.


Estes três princípios estão diretamente conectados a dois importantes temas na literatura sobre gestão de pessoas: o Walking the Talk (conceito desenvolvido pela autora Carolyn Taylor – e publicado em livro que leva o mesmo nome – especialista em mudança de cultura organizacional com foco no desenvolvimento de lideranças e que enfatiza a importância fundamental de agir conforme o discurso para que a cultura de uma empresa seja construída pelo exemplo) e os conceitos de Coragem e Vulnerabilidade da autora Brené Brown, cientista social que ficou conhecida pelo TED Talk “O Poder da Vulnerabilidade” e por best-sellers como a “A Coragem de ser Imperfeito”, no qual destaca a vulnerabilidade (inerente a todo ser humano) como a maneira mais precisa de se medir a coragem, por meio da abertura emocional que permite que os outros nos vejam como somos, por inteiro, aumentando o espaço para as conexões e o exercício da empatia.


Nas organizações, o Walking the Talk se realiza quando praticamos aquilo que é dito e definido como cultura e valores da empresa, uma vez que são as atitudes e não o discurso que trazem consigo a verdadeira potencialidade de transformação e solidificação daquilo que se acredita e se quer alcançar. Portanto, processos e práticas precisam refletir este contexto e, líderes e colaboradores, em suas ações, transformá-los em realidade, trazendo coerência. Isso significa ter coragem para questionar o status quo quando necessário. Se uma empresa quer fortalecer o tema de Diversidade e Inclusão internamente, deve refletir sobre questões como: nossos processos de gestão de pessoas têm favorecido a construção de um time homogêneo ou heterogêneo no que diz respeito à cultura, contexto econômico e social, gênero, raça, formação, dentre outros? Os processos de atração e seleção abrem espaço genuíno para a diversidade? Estamos trabalhando a diversidade e também a inclusão das pessoas no dia a dia? Em uma reunião, todos e todas têm voz e suas contribuições são verdadeiramente levadas em consideração? Times de projetos são definidos considerando sempre os mesmos perfis (ex.: líderes, do corporativo, das mesmas áreas de conhecimento)? Estamos contratando, desenvolvendo e reconhecendo considerando o olhar para Diversidade e Inclusão?


Para que isso aconteça, é preciso coragem, antes de mais nada, para reconhecer e mostrar nossa vulnerabilidade, estando abertos e abertas para aprender, conhecer, questionar, nos permitir ir além de nossas próprias fronteiras, crenças e padrões aprendidos durante toda uma vida. Compreendendo, em primeiro lugar, nossa história e nosso lugar no mundo, valorizando nossa trajetória e entendendo que existem milhares de outras igualmente merecedoras de respeito, reconhecimento, espaço e valorização. A partir desta conscientização individual, cada pessoa na organização pode se tornar um potente fator de transformação em direção à Diversidade e Inclusão nas organizações e para além delas.

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